A campanha Maio Amarelo surgiu devido à necessidade de chamar a atenção da sociedade para os altos índices de acidentes de trânsito e suas vítimas, geralmente com sequelas para o resto de suas vidas, quando não mortas prematuramente. Este ano, seu lema é “Respeito e responsabilidade: pratique no trânsito” e toca em uma ferida urgente. Somente em 2020, segundo números do Corpo de Bombeiros, foram atendidas 72 555 ocorrências de acidentes com vítimas no estado de São Paulo — nessa conta entram 997 óbitos e mais de 79 mil vítimas com alguma lesão. São cifras assustadoras. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que cerca de 1,3 milhão de pessoas percam a vida anualmente em tragédias do tipo e entre 20 e 50 milhões sofram lesões pelo mundo. Acidentes de trânsito representam a terceira causa de morte no Brasil. Essas situações provocam prejuízos econômicos consideráveis aos acidentados, suas famílias e aos países como um todo. Isso passa pela reabilitação do doente e investigação do episódio e, claro, pela redução da produtividade. Os acidentes custam, somando todas essas despesas, ao redor de 3% do produto interno bruto (PIB) de muitas nações. Na pandemia de Covid-19, vimos uma intensificação no trabalho de entregas dos motoboys e é importante destacar que os motociclistas são as principais vítimas dos acidentes. Cerca de 70% dos registros, e aqueles com maiores índices de lesões graves, envolvem pessoas trafegando sobre duas rodas.
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Sabemos também que as principais causas de acidentes, a despeito do tipo de veículo, têm origem humana. Falta de atenção (hoje principalmente devido ao uso de celular), ingestão de bebida alcoólica, uso de drogas ilícitas, excesso de velocidade, ultrapassagens proibidas e desobediência à sinalização são as principais causas relatadas. Na eventualidade de um acidente, felizmente contamos com profissionais e medidas capazes de salvar vidas e ajudar na recuperação das vítimas. A fisioterapia é um recurso fundamental nesse sentido. Muitos acidentes resultam em intervenções expressivas, como cirurgias, e o fisioterapeuta pode atuar durante todo o processo de internação e meses ou anos após a alta hospitalar. O principal problema desencadeado pelos acidentes são os traumas, que podem variar em complexidade. Há desde os neurológicos até os ortopédicos, sem contar repercussões em outros sistemas do corpo e decorrentes de períodos prolongados de internação e restrição ao leito. O acompanhamento fisioterápico pode identificar e remediar as necessidades, assim como trabalhar o paciente para evitar a perda das funcionalidades. No tratamento, podemos empregar várias técnicas, equipamentos e exercícios a fim de minimizar a dor e a inflamação e intensificar a reabilitação. Dentro da nossa área conseguimos atuar na cicatrização das lesões, na redução dos encurtamentos e aderências musculares nos membros afetados, no aumento da força muscular, na melhora da amplitude dos movimentos, na postura, no equilíbrio e na marcha, nas dificuldades respiratórias e na prevenção de escaras devido à internação. Quanto antes iniciamos a fisioterapia, melhor é a evolução do paciente e mais rápida sua recuperação. O ideal, porém, é evitar qualquer tipo de complicação provocada por um acidente de trânsito. Portanto, ao dirigir seu carro ou moto por aí, mantenha a atenção e os cuidados. Não beba, não use o celular enquanto dirige, observe a sinalização… Respeite e seja responsável no trânsito! * Márcio Renzo é fisioterapeuta e capitão do Corpo de Bombeiros de São Paulo
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou recentemente que a Covishield, a vacina da AstraZeneca/Fiocruz contra a Covid-19, não seja mais aplicada em gestantes. A decisão foi tomada depois da morte por acidente vascular cerebral de uma grávida que recebeu a dose. O óbito ainda está sendo investigado, mas pode ter relação com a vacina, que já foi associada à formação de coágulos sanguíneos em mulheres em idade fértil na Europa. Esses quadros de trombose são muito raros: dependendo do país em questão, falamos de um caso a cada 250 mil ou 500 mil vacinados. E esse é o primeiro relato em uma grávida. Diante dele, é normal interromper o uso temporariamente para avaliar se o episódio realmente tem algo a ver com a vacinação (ou se é apenas uma coincidência). “A suspensão está correta. Ela mostra que o sistema de vigilância está funcionando e deve reforçar nossa confiança na Anvisa”, explica a microbiologista Natália Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência. Em coletiva de imprensa no dia 11 de maio, o Ministério da Saúde reforçou que a medida foi tomada como uma precaução, mas que essa vacina é segura para a população em geral e deve continuar fazendo parte do Plano Nacional de Imunizações (PNI) aos demais grupos. Só que a notícia, somada aos casos raros de trombose vindos do exterior, acabou gerando desconfiança em parte dos brasileiros. Daí a necessidade de esclarecer que trata-se de uma medida de precaução, que não coloca em cheque o composto em si. “Uma ocorrência de morte pós-vacina é uma tragédia que não deve ser menosprezada, mas o risco oferecido pela Covid-19 é muito maior. Essa vacina já está salvando milhares de outras vidas”, resume o infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). O elo entre vacinas da Covid-19 e coágulosA trombose com plaquetopenia (ou trombocitopenia) acontece quando alguma substância desencadeia a produção de anticorpos que alteram a coagulação do sangue, levando a entupimentos. Eles podem ocorrer em diversos vasos sanguíneos, incluindo os que abastecem o cérebro. Daí porque o quadro é perigoso. O risco de o problema ser desencadeado pela vacinação é baixíssimo — menor do que 0,01%, segunda as estimativas atuais. Para ter ideia, a probabilidade de ter um coágulo ao contrair Covid-19 está na casa dos 17% (veja como isso acontece). E a própria gravidez aumenta consideravelmente o perigo de um acontecimento do tipo. No caso da gestante brasileira que morreu após tomar a dose, notou-se uma diminuição das plaquetas. Esse sinal levantou a suspeita das autoridades para a possibilidade de o quadro ser decorrente da vacina. “Mas a associação ainda não foi confirmada. E o suposto risco de coágulos é muito menor do que o de outros agentes”, compara o virologista Mauricio Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. Ainda não se sabe que componente da fórmula levaria à reação. As suspeitas recaem sobre o vetor viral, o adenovírus. Seis casos de trombose pós-vacina da Janssen, que também utiliza essa plataforma, foram relatados nos Estados Unidos. A questão é que pode ser muito difícil comprovar que uma morte ocorreu por causa da vacina. Diante da incerteza atual, a postura dos médicos é listar o evento adverso na bula e orientar sobre riscos e benefícios. Limitar o uso faz sentido no Brasil?Os chamados dados de vida real mostram que a Covishield está cumprindo seu papel em proteger pessoas da Covid-19, com bom perfil de segurança. Entretanto, devido aos relatos raros de coágulos, países como a Alemanha passaram a contraindicar a vacina em mulheres abaixo dos 60 anos. Essa até seria considerada uma saída válida em um contexto onde há maior oferta de vacinas, de diferentes fabricantes — como é o caso da Alemanha. “No cenário atual, o Brasil não pode se dar a esse luxo. Com um risco tão baixo de reações adversas e mais de 2 mil mortes ao dia, não faz sentido deixar de imunizar mulheres em geral com ela”, aponta Kfouri. Por aqui, o mais provável é que a formulação da AstraZeneca permaneça sendo usada em idosos e demais grupos prioritários. A Anvisa recomenda que os estados sigam a bula. Nela, consta que o produto é direcionado para adultos acima de 18 anos. A Covishield é considerada atualmente um medicamento categoria C, cujo uso não deve ser feito em mulheres grávidas sem orientação médica por falta de evidências sobre sua segurança neste público. A vacinação contra o coronavírus em gestantes no BrasilEm março, o Ministério da Saúde incluiu gestantes e puérperas com comorbidades no plano de imunização contra a Covid-19. Depois, ampliou a recomendação para grávidas no geral, o que ocorreria em uma segunda fase. Desde então, mais de 22 mil foram vacinadas (3 414 com a Coronavac, 15 014 com a Covishield e 3 867 com a Cominarty, da Pfizer).
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Entre elas, apenas 11 eventos adversos graves, aqueles que oferecem risco e exigem atendimento médico, mas não necessariamente estão relacionados à vacina, foram relatados e estão em investigação, informa a pasta. Crianças, pessoas imunodeprimidas e mulheres grávidas em geral são os últimos grupos a serem incluídos nos estudos que avaliam diferentes vacinas. Isso porque apresentam particularidades na resposta imune que poderiam interferir na segurança e na eficácia dos produtos. Ocorre que, durante os estudos de fase 3 ou mesmo após a aprovação dos imunizantes, algumas vacinadas acabam engravidando, o que fornece pistas sobre o efeito das formulações especificamente nesse subgrupo. “Diante desses dados iniciais, da emergência sanitária e do fato de que as gestantes correm maior risco de manifestar versões graves da Covid-19, faz sentido recomendar a vacinação mesmo sem todos os estudos específicos”, aponta Nogueira. No entanto, essa celeuma no Brasil poderia ser evitada com a restrição prévia da formulação da AstraZeneca em gestantes. Isso porque, entre outras coisas, as doses de outros fabricantes traziam mais dados de segurança nessa população. “A decisão deveria ter partido do Programa Nacional de Imunizações (PNI), mas cada estado e município acabou fazendo do seu jeito”, comenta Natália. A Coronavac, por exemplo, é feita a partir do mesmo princípio das vacinas da gripe, que só possuem vírus inativados. E essa tecnologia é empregada em grávidas há anos, sempre com segurança.
Já dados preliminares da vacina da Pfizer foram animadores. Publicados em um estudo no New England Journal of Medicine (NEJM) que avaliou eventos adversos relatados por 35 mil gestantes, eles indicam que o imunizante à base de RNA mensageiro é seguro nesse público. Nos Estados Unidos, mais de 100 mil mulheres grávidas já tomaram as doses de Pfizer ou da Moderna, que também usa essa tecnologia, e não houve nenhuma morte por evento adverso ou trombose ligada à vacina. “Todas as evidências até agora confirmam o bom perfil de segurança em gestantes”, destaca Kfouri. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica a aplicação no grupo se os benefícios superarem os riscos. Por essa lógica, mulheres com comorbidades ou mais expostas ao risco de contrair o coronavírus deveriam se vacinar, pois correm mais perigo se ficarem sem a injeção. Kalil, na coletiva do Ministério, trouxe um exemplo para contextualizar esse cenário: “A gestante que toma a vacina da febre amarela tem um risco pequeno de apresentar uma reação adversa grave. Mas, se estiver em uma região onde a doença circula, é melhor recebê-la do que fica suscetível à infecção”. A média semanal de óbitos por Covid-19 entre grávidas e puérperas dobrou em 2021 no Brasil. Entre janeiro e abril, 362 mortes foram registradas. “Se não tivéssemos começado a vacinar o grupo, esse número poderia ser pior”, pondera Kfouri. Nosso país é líder em mortes maternas pelo coronavírus no mundo. Após o alerta da Anvisa, o Ministério da Saúde passou a orientar aos estados que vacinem as grávidas com comorbidades com a Coronavac, do Butantan, ou a Cominarty, da Pfizer. O órgão também recuou temporariamente da decisão de incluir as gestantes sem comorbidades no plano de vacinação. E as que já receberam a primeira dose da AstraZeneca? Ainda não há uma definição, mas elas provavelmente completarão o esquema com o produto da Pfizer ou do Butantan. Isso muito provavelmente não será um problema: a combinação de diferentes fórmulas parece segura e está sendo testada em outros países. Especula-se que a tática inclusive aumentaria a duração da imunidade. O martelo deve ser batido nos próximos dias, com uma nota técnica do Ministério da Saúde. Apesar de a probabilidade de trombocitopenia ser mínima, fique atento aos sinais de alerta. São eles: falta de ar severa, dor no peito, inchaço nas pernas, dor abdominal persistente, fortes dores de cabeça ou outros sinais neurológicos, como confusão e visão turva. Se surgirem, procure atendimento médico. Esse tipo de trombose tem um tratamento específico — daí porque é importante fazer a diferenciação. O próprio Ministério da Saúde já desenvolveu um protocolo de atendimento para eventuais casos pós-vacinação.
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Muita gente já passou por episódios em que desconta todo o estresse e a ansiedade do dia a dia num prato de comida. É uma situação em que, literalmente, perdemos o controle e passamos a “comer” com as nossas emoções. Episódios assim até podem ocorrer de vez em quando, mas, quando acontecem pelo menos uma vez por semana durante o período mínimo de três meses, sinalizam uma condição mais séria. Trata-se do transtorno de compulsão alimentar, um dos mais comuns na população, chegando a acometer cerca de 5% dos adultos. A compulsão alimentar é geralmente mais frequente em pessoas que convivem com maior grau de ansiedade e com distúrbios de humor. O complicado é que ela predispõe a obesidade, diabetes, pressão alta e outras doenças crônicas. O episódio de compulsão costuma ser solitário, sem a presença de familiares e amigos, devido ao sentimento de vergonha ao ingerir, em poucos minutos, o equivalente a três ou mais pratos de comida. A vítima cita a famosa frase: “comecei achando que ia comer uma pequena quantidade, mas terminei comendo tudo”. A sensação de perda de controle é corriqueira, assim como a de arrependimento — diferentemente de outros transtornos alimentares, nesses casos o indivíduo não induz vômitos ou ingere laxativos para compensar a ingestão excessiva.
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Infelizmente, a maioria das pessoas com compulsão alimentar não possui diagnóstico firmado. Isso porque muitos nem sequer procuram ajuda médica. A abordagem, aliás, deve ser multiprofissional, incluindo psiquiatra, endocrinologista, psicólogo e nutricionista. A terapia cognitivo-comportamental há muito tempo é uma excelente aliada no controle desse transtorno psiquiátrico, assim como as intervenções nutricionais e a prática regular de exercícios. Mas nem todo mundo obtém sucesso com essas ferramentas. Daí a boa notícia do primeiro medicamento devidamente testado para a finalidade de reduzir episódios de compulsão alimentar aprovado no Brasil. Falamos da lisdexanfetamina, que já havia sido aprovada nos Estados Unidos há seis anos para o tratamento do problema. Desenvolvida pela farmacêutica Takeda, ela já estava no mercado como opção terapêutica para o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Agora, respaldada por estudos, ganha essa nova indicação. A lisdexanfetamina atua no cérebro regulando neurotransmissores ligados ao prazer e à vontade de comer. O número de crises de compulsão se reduz com o uso crônico do medicamento, que será prescrito por ora apenas para casos de compulsão moderados a graves. Obviamente ele só deve ser usado sob supervisão médica, pois possui algumas contraindicações. O tratamento é de longo prazo e o tempo de uso vai depender da resposta do paciente. Em como toda doença crônica, sucessos e recaídas podem fazer parte do tratamento. Daí a importância da adesão aos medicamentos e às mudanças no estilo de vida.
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Os efeitos no cérebro causados pelo coronavírus têm intrigado a comunidade científica. Sequelas neurológicas como perda de memória recente e dificuldade de concentração são observadas e podem durar por meses após a infecção. E veja que curioso: um estudo publicado no periódico Brain indica que, o Sars-CoV-2 não ataca diretamente as células deste órgão, mas ainda assim consegue gerar uma bagunça na região. A equipe de cientistas da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, realizou autópsias no cérebro de 41 pacientes que morreram por Covid-19. “Ao mesmo tempo, nós observamos muitas mudanças patológicas nos cérebros, o que explicaria por que pacientes graves podem sofrer de confusão, delírio e outros efeitos neurológicos”, revela James Goldman, um dos autores do artigo. Segundo ele, isso também explicaria por que alguns indivíduos com casos mais leves de Covid-19 apresentam uma condição chamada de brain fog por semanas ou até meses. Em resumo, eles ficam esquecidos e desatentos.
Mas, se o vírus em si não chega ao cérebro, o que explicaria essas lesões? De acordo com o estudo, existem duas razões principais. A primeira é a hipóxia, ou seja, a falta de oxigenação no órgão, o que o impede de realizar suas funções adequadamente. Entre as mais de 20 regiões cerebrais estudadas nas autópsias, muitas exibiam lesões típicas da falta de oxigênio. Parte delas era inclusive visível a olho nu. Havia também diversos danos microscópicos que os cientistas acreditam terem sido provocados por coágulos sanguíneos — comuns em pacientes graves de Covid-19 —, que podem interromper o fornecimento de oxigênio. Outra descoberta que intrigou os experts foi a ativação de uma grande quantidade de micróglias, células presentes no tecido cerebral com função de vigiar a entrada de agentes estranhos. A alta concentração foi registrada principalmente no tronco cerebral inferior (que regula os ritmos do coração e da respiração) e no hipocampo, uma das estruturas envolvidas no processamento da memória. *Este conteúdo foi produzido pela Agência Einstein
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A pandemia da Covid-19 deixa claro como os profissionais de enfermagem são essenciais para nossa vida e merecem lugar de destaque. Mesmo sobrecarregados por uma jornada intensa, eles não esmorecem. A equipe de enfermagem abrange mais de 2,4 milhões de profissionais em todo país, entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, e adquiriu uma nova especialidade neste período desafiador: levar, de alguma forma, ânimo e acolhimento às pessoas acometidas pela doença e também a seus familiares. São eles os responsáveis pelo cuidado direto e contínuo aos pacientes e acabam protagonizando histórias que nos trazem conforto e até mesmo esperança, em meio ao cenário atual. A precursora da enfermagem moderna, Florence Nightingale, já dizia: “a enfermagem é uma arte. E para realizá-la como arte, requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão rigoroso, quanto a obra de qualquer pintor ou escultor”. Como verdadeiros artistas, esses profissionais realizam frequentemente ações criativas e inovadoras em prol do bem-estar. Destaco, por exemplo, a criação da “mãozinha do amor” — como são chamadas as luvas com água morna que enfermeiras de um hospital de São Carlos, em São Paulo, passaram a usar para aquecer mãos de pessoas intubadas. No Rio de Janeiro, outro bom exemplo é o “Esquenta Pé“, um projeto idealizado por uma enfermeira para produzir sapatilhas de crochê que amenizam o frio do ambiente hospitalar, levando conforto e carinho aos internados. Esse vínculo entre a enfermagem e os pacientes acontece devido à dedicação e ao espírito solidário desses profissionais incansáveis. Muitas vezes, eles são os primeiros a perceber as alterações clínicas, além de representarem a voz do próprio paciente junto à equipe multiprofissional. A enfermagem exerce um papel primordial de gerir todo cuidado a fim de garantir que tudo seja conduzido de maneira adequada e benéfica para o paciente. São profissionais que conseguem unir ciência e arte no cuidado com o ser humano.
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A equipe de enfermagem também é muito importante na promoção de saúde e prevenção de doenças. No Brasil, há muitos anos, já são esses profissionais que agem, em parceria com um time multiprofissional, para promover a saúde em todas as fases do ciclo da vida. Enfermeiros atuam ativamente realizando consultas com gestantes, pré-natal e o próprio parto normal nas gestações de baixo risco. E exercem papel essencial nas salas de vacinação, uma função especialmente importante no momento em que há campanhas de vacinação contra a gripe e a Covid-19. Em instituições privadas, também vemos que esse modelo de incluir os profissionais de enfermagem em diferentes etapas do cuidado já é aplicado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, considerado o melhor do país pelo ranking “World’s Best Hospitals”, da conceituada revista Newsweek. Mesmo em meio a uma pandemia com uma jornada exaustiva, os profissionais de enfermagem não desanimaram. Embora com medidas simples, mostram o olhar humano e cuidadoso, sempre em busca de uma visão integrada dos pacientes. E tudo isso mesmo com as trágicas perdas de tantos colegas. Segundo o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), foram cerca de 775 mortes desde o início da pandemia no Brasil. Houve, felizmente, uma queda nesses indicadores após a chegada da vacina: os óbitos entre março e abril de 2021 diminuíram 71%. Em janeiro, o Brasil respondia por cerca de um terço das mortes de enfermeiras, técnicos, auxiliares de enfermagem e obstetrizes durante o momento pandêmico em um universo de 44 das principais nações do mundo. Sinal de que não temos sido capazes de cuidar daqueles que jamais desistiram de todos nós. Os dados são assustadores e alarmantes. E nos mostram o quanto ainda precisamos lutar pela valorização desses profissionais tão importantes para nossa saúde, como ficou evidente em meio a esta emergência sanitária. Não só hoje, que é Dia Internacional da Enfermagem, e nem apenas durante este período de pandemia, mas sempre. Por tudo isso, aos nossos milhões de heróis, meu muito obrigada! * Érica Cardoso é enfermeira, pós-graduada em Enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva pela Faculdade de Medicina de Rio Preto (FAMERP) e em Urgência e Emergência pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP)
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A fibromialgia é uma doença invisível e muitas vezes mal compreendida, marcada pela presença de dores generalizadas e crônicas. É considerada a segunda causa mais frequente de consultas médicas com reumatologistas e, de acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, entre 9 e 26% dos pacientes com o problema estão afastados do trabalho por incapacidade provocada pela dor. A síndrome afeta cerca de 5% da população mundial e mais de 4 milhões de brasileiros. Mulheres, entre 25 e 65 anos, representam as pessoas mais surpreendidas pelo diagnóstico, embora indivíduos mais jovens e idosos também possam manifestar a doença. Com causa ainda desconhecida, muitos aspectos relacionados aos gatilhos para o desenvolvimento da fibromialgia foram elucidados nas últimas décadas pela medicina. Hoje sabemos que sua origem é multifatorial e a genética e o ambiente contribuem para a alteração da percepção da dor e o surgimento dos sintomas. Traumas físicos e emocionais podem ser responsáveis por despertar a síndrome, enquanto a ansiedade e a depressão tendem a agravar o quadro. Vale alertar que infecções virais e doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico, também são possíveis gatilhos. O sintoma principal da fibromialgia é a dor muscular e articular difusa, mas os pacientes sofrem ainda com fadiga intensa e sono não restaurador. Dores de cabeça, comprometimento da memória, dificuldade de concentração, tristeza e irritabilidade são frequentes. Outros sintomas como dormência e formigamento corporal, sensação de enrijecimento das articulações, cólicas abdominais e queixas urinárias também podem estar presentes.
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A fibromialgia não tem cura, mas uma abordagem multidisciplinar, envolvendo remédios e tratamentos não medicamentosos, é capaz de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Entre os fármacos utilizados estão os analgésicos, relaxantes musculares, antidepressivos e moduladores da dor, embora o principal tratamento da fibromialgia seja a prática de exercícios físicos, principalmente aeróbicos, como caminhadas, natação ou bicicleta. No início, o paciente pode apresentar acentuação das dores, mas a atividade física deve ser sempre encorajada pelos seus benefícios comprovados na melhora da dor crônica, do cansaço, do sono e do humor. Fisioterapia, acupuntura e práticas que mesclam movimento e meditação, como ioga, também são indicadas. Já uma abordagem psicológica com terapia cognitiva-comportamental ajuda o paciente a aprender a enfrentar seus sintomas — estudos apontam menor uso de medicações analgésicas pelos adeptos da psicoterapia. Uma questão que vem sendo debatida entre especialistas e pacientes é a influência da dieta no tratamento de dores crônicas. Cardápios ricos em alimentos frescos, integrais, com alto teor de fibras, proteínas e antioxidantes naturais e com baixo teor de açúcar reduziriam a sensibilidade à dor e garantiriam mais disposição para o paciente realizar suas atividades cotidianas. A dor da fibromialgia é real e quando se fala dessa doença tão comum em nosso meio é importante reconhecer que o problema vai além da dor. Procurar um especialista é fundamental para iniciar um tratamento capaz de amenizar os sintomas e garantir o bem-estar global do paciente. * Rafael Pontes Andreussi é reumatologista, médico da Clínica Cobra de Reumatologia, em São Paulo, e ex-preceptor da Disciplina de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
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Diante da explosão de casos de Covid-19 em 2021 e do surgimento das variantes do coronavírus, os profissionais da saúde passaram a recomendar que a população priorizasse as máscaras PFF2 (também chamadas de N95), ao invés das de pano. Além de possuírem um filtro que dificulta ainda mais a passagem de gotículas respiratórias, elas se ajustam melhor ao rosto, o que diminui o risco de contágio. Mas, justamente pela dose extra de vedação, será que as máscaras PFF2 são indicadas também para as crianças? Foi o que nos perguntou a leitora Taiane Luz, preocupada com a saúde dos filhos no retorno das aulas presenciais. Em maio de 2020, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou um documento com orientações sobre máscaras para crianças e adolescentes. Na época, a entidade seguiu as orientações do Ministério da Saúde e recomendou utilizar as de pano, porque havia escassez das PFF2 e das descartáveis, que deveriam ser destinadas para os profissionais de saúde. No entanto, a disponibilidade dessas versões mais protetoras aumentou consideravelmente. A SBP não atualizou suas diretrizes, mas a pesquisadora Beatriz Klimeck, criadora do projeto “Qual máscara?”, acha válido oferecê-las para meninos e meninas nesse momento. Ainda mais se elas voltarem a frequentar ambientes fechados, como uma sala de aula. “Já existiam modelos infantis equivalentes à PFF2 em países asiáticos antes da pandemia. E não temos registro de nenhum efeito negativo na infância”, afirma Beatriz, que também é doutoranda em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Ela conta que, nas redes sociais do projeto, pais e mães enviam diariamente fotos dos filhos com a PFF2. “Elas costumam se adaptar bem, porque o elástico vai atrás da cabeça e dá firmeza. Já a máscara de pano fica encostando na boca e saindo do rosto”, compara. Dessa forma, a PFF2 facilitaria brincadeiras e ganharia em praticidade, visto que não é necessário trocá-la a cada duas horas. “A gente achava que a molecada não iria gostar, mas as respostas que estamos recebendo são positivas”, esclarece Beatriz. Uma limitação é a de que só há uma empresa no Brasil produzindo modelos infantis da PFF2: a Ekomascaras. “Esperamos que esse mercado se amplie e mais marcas entrem”, afirma a pesquisadora. Ainda assim, por volta dos 5 ou 6 anos, parte da meninada já consegue utilizar modelos para adultos. O importante é ver como fica o encaixe da máscara com o rosto.
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A partir de qual idade as crianças podem usar PFF2 e quais os cuidados?A SBP, a Academia Americana de Pediatria e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) indicam o uso de quaisquer máscaras só a partir dos 2 anos de idade. Antes disso, há risco de sufocamento. Os cuidados com a PFF2 são os mesmos passados para gente grande. Ou seja, recomenda-se a troca após oito horas no rosto, ou se ela ficar suja ou molhada. Atenção: esse modelo não deve ser lavado, nem com álcool. Para reutilizar, basta deixá-lo pendurado ou guardado em um saco plástico por três a sete dias para inativar possíveis vírus na superfície. Se notar qualquer sinal de desgaste, é hora de jogá-la fora. E se a criança não conseguir usar a PFF2?Para os pequenos que não se adaptarem, uma alternativa é utilizar uma máscara cirúrgica descartável — essas são facilmente encontradas em tamanhos menores — com a de pano por cima. Dessa forma, você aumenta o número de camadas e melhora a vedação. “O que não pode é deixar de usar máscara, principalmente em ambientes fechados”, pontua Beatriz. A SBP orienta, acima de tudo, que a garotada seja ensinada sobre o manejo correto desse equipamento através do exemplo e de maneiras lúdicas. Bonecos em que você coloca uma máscara são uma forma de mostrar para o pequeno como proceder. “Sugerimos sempre o treino e a conversa. Você precisa explicar os motivos para usar, a forma de fazer isso e o que não deve ser evitado. Os pais e responsáveis precisam dar o exemplo”, finaliza Beatriz.
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Ao contrário do que ocorre no ramo das pedras preciosas, quando ser raro é sinônimo de nobreza e sorte, na medicina a raridade está associada a doenças cujo tratamento ou prognóstico é difícil. Em cardiologia, pode ser considerada uma doença rara aquela que afeta menos de 65 pessoas a cada 100 mil habitantes. Estima-se que 13 a 15 milhões de brasileiros sejam acometidos por alguma patologia rara. É o caso da hipercolesterolemia familiar (HF), uma disfunção de origem genética caracterizada pela elevação significativa de colesterol. A HF se apresenta de duas formas. Na primeira, a alteração genética vem do pai e da mãe, o que torna os níveis de LDL (colesterol ruim) extremamente altos, com depósito de gordura em diversos tecidos. Aqueles que herdam essa versão da síndrome normalmente apresentam problemas cardíacos já na adolescência. Felizmente, essa versão acontece na proporção de um caso por milhão. Já na outra forma da doença, o paciente herda a alteração genética só do pai, ou só da mãe. Aí ela é silenciosa: não há sintomas e só se toma conhecimento do problema quando o infarto ocorre, muitos ainda na juventude. Todo ano, cerca de 200 mil pessoas morrem no mundo por eventos cardíacos secundários à HF. Segundo estudos recentes, relatados em um artigo científico sobre o tema, a incidência atual de hipercolesterolemia familiar na população global é de um indivíduo a cada 311. Já no Brasil, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA) revela que a HF atinge 800 mil pessoas, ou uma a cada 263 indivíduos. Ela é mais frequente em mulheres e pessoas negras. Inimigo invisívelO grande adversário dos pacientes com HF é, sem dúvida, a falta de diagnóstico precoce, estimulada pelo quadro assintomático. Porém, a detecção é relativamente simples, começando com a dosagem do colesterol, um exame de sangue de baixo custo. O problema é que não temos o hábito de medir o colesterol em crianças e jovens. Isso explica o motivo pelo qual menos de 10% da população com HF tem conhecimento da doença, e menos de 25% recebem tratamento para diminuir a gordura no sangue.
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Há alguns sinais clínicos característicos dessa doença, como lesões em tendões ou no arco corneano (halo esbranquiçado ao redor da íris, nos olhos), que fortalecem a suspeita. Estima-se que o espessamento dos tendões aconteça em 63% dos casos. A deposição de colesterol também pode gerar os chamados xantomas tuberosos (espécie de “calos” nas mãos, nos cotovelos ou nos joelhos) ou depósitos de gordura nas pálpebras. Mesmo quando existem essas manifestações, o diagnóstico só será fechado depois de investigar e excluir a possibilidade de outras anomalias que também provocam alteração nos níveis de gordura no sangue, como diabetes, distúrbios endócrinos (incluindo hipotireoidismo) e renais, obesidade ou uso de alguns medicamentos.
Alto risco versus prevençãoA HF é uma doença perigosa. Mas, quando identificada e tratada precocemente, o risco de ocorrências cardiovasculares cai significativamente. Além disso, a descoberta de novos fármacos, seguros e eficazes, traz qualidade de vida aos pacientes. E como o nome já sugere, se uma pessoa da família é diagnosticada, outras devem examinadas. Devido à agressividade e precocidade das complicações da hipercolesterolemia familiar, independentemente do tratamento medicamentoso, os portadores devem adotar uma dieta saudável, com menor consumo de gorduras saturadas e suspensão de gorduras trans. Eles também precisam fugir do cigarro, praticar atividades físicas regulares e cuidar do peso. Importante ressaltar que essa mudança no estilo de vida vale para crianças e adolescentes. A relevância das doenças raras para a cardiologia levou a SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo) a dedicar a primeira edição de 2021 de sua revista ao tema. É fundamental que os cardiologistas conheçam as principais cardiopatias raras para direcionarem o melhor tratamento em cada caso. *Renato Jorge Alves é assessor científico da SOCESP, professor assistente da Disciplina de Cardiologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e coordenador do Grupo de Cardiologia da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
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Na corrida por tratamentos e medidas para frear a disseminação do coronavírus, o papel da vitamina D na imunidade nunca esteve tão em pauta. Porém, não é de hoje que cientistas e médicos vêm buscando entender a eficácia desse pró-hormônio no combate a infecções. Estudos internacionais desenvolvidos nas últimas décadas já associavam os surtos sazonais de gripe a uma possível deficiência de vitamina D, que ocorre durante os meses de inverno, especialmente nos países de clima temperado. Nesses locais, as epidemias de influenza aparecem durante os períodos frios e praticamente desaparecem no verão. Estamos falando de um pró-hormônio que, entre suas diversas funções no corpo, auxilia na absorção de cálcio e tem importante papel na função muscular, ou seja, atua como uma substância multifuncional, já que diversas células e tecidos possuem receptores para ela. A deficiência da vitamina está ligada a uma série de doenças, como as autoimunes, a osteoporose e as infecções do trato respiratório. Diante desse histórico científico, desde o início da pandemia de Covid-19, há um ano, pesquisadores de diversos países têm buscado entender o papel da vitamina D na prevenção ou no tratamento da nova doença. Resumidamente, quando o indivíduo apresenta baixos níveis de vitamina D, notamos um aumento no nível de moléculas que causam inflamação no organismo. São as chamadas citocinas, cujo excesso está associado a danos nos pulmões e ao agravamento do quadro de Covid-19, provocando insuficiência respiratória e até mesmo óbito. A principal causa de morte por infecção pelo coronavírus tem sido a síndrome da deficiência respiratória grave, decorrente da liberação de citocinas inflamatórias em grande quantidade, a tempestade de citocinas. É por esse motivo que a vitamina D tem sido tão investigada nos últimos meses. De fato, um estudo da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, constatou que pessoas com deficiência do pró-hormônio tendem a ter sintomas graves da infecção.
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Considerando a literatura científica, chegamos à seguinte conclusão: a vitamina D contribui para o sistema imune funcionar bem e é de pressupor que níveis adequados ajudem o organismo num momento crítico. Apesar de variável, sabemos que cerca de 60 a 70% da população brasileira entre 18 e 50 anos sofre com déficit de vitamina D. Durante o isolamento social, período no qual as pessoas se privam ainda mais da exposição solar, essa carência tem tudo para aumentar. Sendo assim, junto com as medidas gerais de prevenção, é essencial que a população garanta níveis adequados de vitamina D, sobretudo aqueles já infectados, além de profissionais de saúde, idosos, pessoas que vivem em residências assistenciais e todos os que, por várias razões, não se expõem à luz do sol. Nesses casos, a suplementação pode ser uma aliada. A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) recomenda, em seu posicionamento sobre micronutrientes e probióticos na infecção por Covid-19, que a reposição via oral em doses seguras e suficientes fazem sentido, desde que prescritas por um especialista. No caso dos idosos, tendo em mente que metade deles sofre com deficiência grave e praticamente 80% estão abaixo das concentrações desejáveis, a suplementação costuma ter um papel ainda mais relevante. Os benefícios à saúde óssea e muscular são bastante conhecidos, mas, no novo normal, devemos considerar também o aspecto da imunidade, uma vez que idosos fazem parte do grupo de maior risco para a infecção. No momento, um estudo do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, avalia justamente o impacto do nível de vitamina D em pacientes idosos internados com Covid-19. Por último, vale reforçar que, muito além do papel e da reposição da vitamina, todos devem fazer sua parte, ainda mais com a vacinação em estágio inicial no país. Vamos continuar tomando os cuidados necessários, com distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscaras para evitar a transmissão do vírus. * Durval Ribas Filho é presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN)
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O que é a tuberculose e como é transmitidaA tuberculose é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, mais conhecida como bacilo de Koch. Ela é transmitida através de gotículas respiratórias expelidas por pessoas com a enfermidade ativa. Seus sintomas incluem tosse e febre. O tratamento demora meses, mas é bastante eficaz. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados 10 milhões de casos em 2019, sendo que 1,2 milhão de pessoas morreram. Estima-se que outros 3 milhões de indivíduos tiveram a doença, mas não foram diagnosticados — ou essa comunicação não chegou para as autoridades. No Brasil, foram 96 mil novos casos e 6,7 mil mortes em 2019. Fazemos parte da lista de 30 países que concentram 90% de todos os diagnósticos no mundo. A enfermidade se concentra em nações mais pobres. Os tipos de tuberculoseA pneumologista Denise Rossato Silva, da Comissão Científica de Tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), conta que há a tuberculose pulmonar e a extrapulmonar. “A diferença é que a pulmonar afeta os pulmões, enquanto a extrapulmonar também atinge outros locais, como pleura, gânglios, meninges, intestino e sistema osteoarticular”, explica. Essa segunda versão acontece normalmente quando a bactéria sai do sistema respiratório, chega em outros órgãos e provoca estragos por lá. Quais são os sintomasOs principais sintomas são tosse — que pode ser acompanhada de sangue —, febre, emagrecimento, perda de apetite e sudorese noturna. A tuberculose extrapulmonar também é marcada por dor nos órgãos atacados pelo bacilo de Koch. “O tempo da infecção para o surgimento dos sintomas e a duração dos mesmos variam de paciente para paciente. Mas a maioria apresenta melhora significativa após dois meses de tratamento”, informa Denise. Fatores de risco da tuberculose“São muitos. Entre os principais, temos tabagismo, diabetes, uso de álcool e outras drogas “, enumera Denise. Doenças que diminuem a imunidade, como a aids, também facilitam a instalação do bacilo de Koch. O mesmo vale para remédios que afetam nosso sistema de defesa. A tuberculose é mais comum em homens dos 20 aos 49 anos. Além disso, existem populações mais vulneráveis à enfermidade, a exemplo de indígenas e pessoas em situação de rua ou privadas de liberdade. Ambientes pouco ventilados favorecem a disseminação da enfermidade.
Como funciona o diagnósticoApós a suspeita do quadro, o chamado exame de escarro entra em cena. O paciente basicamente cospe dentro de um recipiente, e o material é avaliado em laboratórios.
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Em 2019, o Sistema Único de Saúde (SUS) incorporou o teste rápido molecular (TRM-TB), que é realizado da mesma forma, mas dá o resultado em cerca de duas horas. Tuberculose tem cura? Como funciona o tratamento“Tem cura sim, desde que o tratamento seja seguido adequadamente. Ele está disponível somente no SUS”, afirma Denise. O esquema terapêutico via de regra inclui dois meses de rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol. Todas essas substâncias são combinadas em apenas um comprimido, que é engolido diariamente. Em sequência, são receitados apenas rifampicina e isoniazida durante quatro meses. Uma das maiores dificuldades para controle da tuberculose é o fato de que as pessoas abandonam os medicamentos quando os sintomas somem. Mas isso não significa que a bactéria foi eliminada. “O paciente que não faz o tratamento adequadamente e até o fim pode desenvolver formas resistentes da doença e até morrer. Além disso, ele segue transmitindo para outras pessoas”, alerta Denise. Como prevenirExistem várias medidas para evitar a tuberculose. A primeira é aplicar a vacina BCG nos recém-nascidos na própria maternidade. Se isso não ocorreu por algum motivo, a recomendação é tirar o atraso quanto antes, no máximo até os 5 anos de idade. “O imunizante diminui o risco de desenvolver as formas graves, como a meningite tuberculosa”, pontua Denise. Outra etapa importante é testar familiares e outros indivíduos que entraram em contato com o paciente diagnosticado. Todos eles precisam fazer o exame do escarro. É que, mesmo sem sintomas, a pessoa pode ter sido infectada. E há uma possibilidade de a bactéria ficar escondida no corpo por um tempo indeterminado, e aproveitar uma queda na imunidade para disparar seus estragos. Ao diagnosticar precocemente a invasão, em algumas situações já é possível fazer o tratamento para eliminá-la de vez. Os infectados também devem aderir a algumas medidas de controle, como manter os ambientes bem ventilados e com entrada de luz solar, proteger a boca com o antebraço ou um lenço ao tossir e espirrar, não compartilhar talheres e copos e evitar aglomerações. Ah, e fique sabendo que quem já pegou a tuberculose não está livre de uma segunda infecção no futuro. Não deixe de procurar o médico caso apresente os sintomas novamente ou se tiver contato com alguém doente.
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